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Travessia


Travessia também significa passagem. E cada travessia no mar que faço me transforma. Sou apaixonada pelo mar! Amo nadar no mar quase tanto quanto amo pedalar... (coitada da minha corrida, é o melhor que eu faço e o que menos curto de fazer). 


Pela segunda vez desde que comecei a nadar no mar, eu fiz a travessia Copacabana (posto 6) - Arpoador, no domingo passado, dia 26 de janeiro.

A primeira vez foi uma travessia noturna há quase exatos cinco anos atrás em 30 de janeiro de 2015. Eu lembro exatamente como estava animada para essa rave no mar. Todos estávamos com pulseiras luminosas usadas em festas noturnas presas na toca e o pessoal de apoio nos stand-ups pareciam go-go boys de boate de tantas luzes que eles levavam!  

Me lembro como se fosse hoje... Eram 20h, horário de verão, o sol estava se pondo em atrás do Forte de Copacabana e fomos entrando no mar. Eu estava ao mesmo tempo animada e apavorada em nadar no mar à noite.   

Eu tinha começado a nadar em águas abertas há apenas alguns meses. Estava com pé de pato porque fiquei com receio de ficar muito pra trás e atrapalhar os demais “sequestrando” alguém do apoio só para mim.  

E lá fui eu em um grupo de umas dez mulheres, todas elas boas nadadoras que eu mal acompanhava de pé de pato.

Quando se passa a ponta do Forte Copacabana, não se vêm mais as luzes de Copacabana e ainda não se vêm as luzes do Vidigal e nem de Ipanema e Leblon. Fica escuro, não se vê praticamente nada, só a silhueta do Forte contra as luzes da cidade. 

E não se vê nada dentro d'água.

Nosso guia no stand-up, nosso único ponto de referência, seguia indicando o caminho.

Ali tem uma laje e é preciso passar entre ela e a pedra do Forte, e o mar sempre fica bem agitado e as ondas meio caóticas. É importante seguir a direção correta e fazer força para ultrapassar essa área. 

E foi aí que a mulherada surtou! Ficaram com medo das ondas nos jogarem na laje ou na pedra do Forte que não víamos de dentro d'água. Pararam de nadar. Nosso guia explicou que ele estava vendo o caminho, que não estávamos perto da laje ou das pedras e que se ficássemos paradas, aí sim seríamos levadas pelas ondas para as pedras. Elas queriam voltar para Copacabana, o que seria bem caótico com os outros grupos que saíram depois da gente vindo na direção oposta a que faríamos para voltar.

Eu, a menos experiente de todas, a mais fraca de todas e talvez a que entrou na água com mais medo de todas, falo: Temos que continuar nadando! Ele tá vendo o caminho! Somos 10 aqui, vamos tomar conta de quem está do nosso lado e vamos em frente! Não tem volta!

As meninas resolveram me ouvir e seguimos em frente.

Alguns minutos depois as luzes do Vidigal surgiram no horizonte, o mar se acalmou. 

Quando viramos na Ponta do Arpoador, o mar estava calmo e cristalino. Apenas com as luzes dos refletores da praia conseguíamos ver o fundo do mar e havia muitos peixes grandes! 

Finalmente chegamos na praia, para o lual de comemoração e ficamos sabendo que alguns grupos não conseguiram passar e precisaram sair pela praia do Diabo. 

Sempre enfrentei meus medos, sou aquela menina que se alguém pulou, eu pulo atrás, mesmo apavorada. Alguns dizem que essa é a definição de coragem. Ou de imprudência...

Nadar no mar é uma sensação ímpar e fantástica, mas deve ser feita com segurança e é extremamente importante se manter calmo quando as coisas não ocorrem como planejado, entrar em pânico pode tornar o que seria uma experiência memorável em algo traumático, como essa travessia noturna me ensinou.

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