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Encerrando 2017

Me considero uma pessoa realista: o copo está com 50% de sua capacidade preenchida por líquido. 

Não vou ficar nessa ladainha de finalmente 2017 está terminando... 31 de dezembro é apenas um ponto arbitrário na órbita terrestre ao redor do Sol que usamos para reiniciar o calendário. Nada muda no Dia de Ano Novo. A aleatoriedade da vida seguirá trazendo tristezas e alegrias. O que pode mudar com o estourar do champanhe e dos fogos é nossa forma de encarar as adversidades e êxitos. Eu sempre tento aprender algo com tudo que me acontece.

Meus pais sempre na torcida por mim.
Em 2017 eu perdi minha mãe por conta de um câncer que foi tão rápido e devastador que quase literalmente a ceifou de nós. Um dia ela estava feliz e saudável, no outro no hospital e não saiu mais de lá.  

Minha rotina de treinos me ajudou a manter a serenidade durante o tempo que ela permaneceu hospitalizada.  

Ela se foi em uma quinta-feira alguns dias depois do seu aniversário de 68 anos. Eu tinha uma competição de triathlon no domingo seguinte. Decidi que o melhor que eu poderia fazer era participar da minha competição. Minha mãe era como eu: preferia brincar com os meninos, correr pela mata, subir em árvores, nadar nos rios. Adorava me ver competindo.
  
5º lugar no Rio Triathlon dividindo o pódio com as melhores do Brasil. Esse foi por você, mãe!
Algumas semanas depois eu sofri um acidente de bike durante um treino que me tirou do auge da forma, dos meus planos para o Mundial de 70.3 em Chattanooga. (Os detalhes dessa saga até o Mundial e o 70.3 do Rio estão em outro post). 

Algumas pessoas se admiraram da minha força e resiliência para seguir em frente. Mas não acredito que há nada de surpreendente nisso. Simplesmente é a única coisa a se fazer. Eu gostaria de ter minha mãe ao meu lado pra sempre, mas isso é irreal. Eu preferia que ela não tivesse partido tão cedo, mas enquanto ela esteve comigo eu sempre fui muito grata pela pessoa fantástica que ela foi e sempre demonstrei isso. Sempre vou levar ela comigo, mas a vida segue o seu ciclo natural. 

Voltar a treinar? Pra mim é igual voltar a respirar! Eu preciso estar em movimento! E das 3 modalidades do triathlon, a que eu mais amo é o ciclismo. Então nunca passou pela minha cabeça parar de pedalar!  

Apesar do acidente ter me tirado a forma e prejudicado minha performance no Mundial de 70.3, percebi que o que foi construído sobre uma base sólida é mais fácil de reconstruir.  

Eu sempre apreciei e fui grata pelo processo, pelo caminho: o privilégio de poder me dedicar a um esporte que eu amo, de poder traçar e atingir metas. Mas me faltava uma coisaEntão finalmente encontrei a confiança em mim mesma, a calma e paz que vem da certeza de que sou forte o suficiente para enfrentar obstáculos e quando chegar a hora de competir, meu corpo vai reagir da forma que treinou ou até melhor. 

Aprendi a confiar no processo que eu tanto adoro, no trabalho duro do dia a diaos resultados virão mesmo que apareçam obstáculos inesperados.  E por vezes os obstáculos são oportunidades de crescimento.

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